Dia Mundial do Diabetes: testes gratuitos na estação Barra Funda CPTM com ADJ e…
Insulina Aos 100: Uma descoberta que salva vidas, mas resta muito a ser feito
Estamos nos aproximando rapidamente de alguns marcos históricos na história do diabetes. Em maio de 1921, os experimentos que culminaram na síntese da insulina para comercialização que começaram em Toronto, Canadá. Frederick Banting e Charles Best fizeram experiências em vários cães com diabetes induzido, com sucesso limitado. Um grande avanço veio quando um dos cães, chamado de Marjorie pela equipe de Toronto, sobreviveu por 70 dias com injeções de extrato pancreático, ou ‘Isletina’, como a equipe o chamava. Em 23 de janeiro do ano seguinte, a primeira injeção bem-sucedida de insulina foi administrada a uma pessoa vivendo com diabetes.
Existem outros eventos marcantes na linha do tempo da descoberta da insulina, levando-nos da ideia inicial que levou à pesquisa até a produção em massa e a distribuição mais ampla da insulina para além da América do Norte. Claro, o trabalho em Toronto no final de 1920 e início de 1921 não aconteceu em vão. Vamos aproveitar a oportunidade para marcar muitas datas e temas relevantes na história do diabetes, incluindo o trabalho pioneiro que ocorreu antes da descoberta e os desenvolvimentos subsequentes que transformaram o gerenciamento do diabetes nos últimos 100 anos.
Em todo o mundo, cerca de meio bilhão de pessoas vivem com diabetes. Sem uma ação significativa para lidar com o impacto global dessa condição crônica, prevemos que o número aumentará para mais de 700 milhões nos próximos 25 anos.
O diabetes é uma doença não-transmissível grave, potencialmente debilitante e letal, que pode ter um grande impacto nos indivíduos e nas suas famílias, bem como nos sistemas de saúde e nas economias nacionais. Este é particularmente o caso de países de baixa e média renda, que são lar de quase quatro em cada cinco (79%) de todas as pessoas que vivem com diabetes.
Aproximadamente metade das pessoas que vivem com diabetes permanecem sem diagnóstico. Se não for tratada com insulina, o diabetes tipo 1 é fatal.
Quando as pessoas com diabetes tipo 2 não são cuidadas ou não recebem suporte suficiente, elas correm o risco de complicações graves e fatais, como ataque cardíaco, derrame, insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores. Muitos serão diagnosticados com diabetes tipo 2 porque entram em um ambiente clínico com um problema pré-existente significativo, sem saber que o problema pode ter sido causado pelo diabetes. Alguns serão diagnosticados incorretamente. Tragicamente e de forma evitável, alguns serão diagnosticados após a morte.
Em muitos casos, se o diabetes for detectado precocemente, as pessoas afetadas podem evitar ou pelo menos retardar o surgimento de problemas graves. Mais deve ser feito para prevenir o diabetes tipo 2 em pessoas com alto risco de desenvolver a doença e maiores esforços devem ser feitos para diagnosticar precocemente todas as formas de diabetes e prevenir suas complicações. As ações para enfrentar a pandemia do diabetes devem incluir o acesso ininterrupto a cuidados para todas as pessoas que vivem com diabetes, independentemente de onde vivam ou de suas circunstâncias econômicas.
É importante lembrar que a insulina ainda está fora do alcance de muitos que precisam dela.
Vivemos tempos extraordinariamente difíceis, em que as pessoas com diabetes enfrentam outra grande ameaça à saúde. Infelizmente, vimos que as pessoas com diabetes podem ser mais suscetíveis às piores complicações da COVID-19. A evidência sugere que as fatalidades são marcadamente maiores entre pessoas com problemas de saúde subjacentes, como diabetes. Este é particularmente o caso entre os idosos (estima-se que uma em cada cinco pessoas com mais de 65 anos tenha diabetes) e quando o diabetes não está dentro dos parâmetros esperados. Compartilhamos a preocupação com muitos colegas de que a situação atual pode levar a um aumento nas complicações do diabetes nos próximos anos. Além disso, devemos nos preocupar que o legado da pandemia terá recursos e atenção voltados para as doenças infecciosas em detrimento de todas as doenças não-transmissíveis, incluindo o diabetes.
No clima atual, a comunidade global do diabetes precisa se unir e levantar sua voz para garantir que o diabetes, uma das principais causas de incapacidade e mortalidade global, receba a atenção necessária.
Se alguma vez houve um momento para focar a atenção no diabetes, esse momento é agora.
As ações para enfrentar a pandemia do diabetes devem incluir o acesso ininterrupto a cuidados e para todas as pessoas que vivem com diabetes, independentemente de onde vivam ou de suas circunstâncias econômicas.
O centenário do desenvolvimento da insulina terapêutica em 1921 por Frederick G. Banting e Charles H. Best, sob a supervisão de John J.R. Macleod e com a colaboração de James B. Collip é um marco de considerável importância para muitos na comunidade global de diabetes e uma revolução na história da medicina.
Os próximos anos representam uma oportunidade de aumentar a conscientização sobre o diabetes a um nível sem precedentes, à medida que várias datas importantes relacionadas à descoberta da insulina acontecem. Embora esses eventos históricos tenham salvado e melhorado a vida de milhões de pessoas que vivem com diabetes, é importante lembrar que a insulina ainda está fora do alcance de muitos que precisam dela.
Garantir o acesso universal à insulina para todos os que precisam permanece um desafio global. As barreiras de acesso e disponibilidade são inúmeras e complexas, refletindo as múltiplas etapas envolvidas na produção, distribuição e precificação, bem como a infraestrutura necessária para garantir o uso adequado e seguro da insulina.
Unida, a comunidade global do diabetes tem os números, a influência e a determinação para realizar mudanças significativas. Precisamos aceitar o desafio. Devemos isso às milhões de famílias afetadas pela diabetes e devemos isso ao legado de Banting e Best. Coletivamente, devemos abordar a questão candente nos lábios de muitos que podem não ser capazes de se perguntar: “quanto tempo mais?”
Prof. Andrew Boulton
President, Federação Internacional de Diabetes
Prof. Akhtar Hussain
President-Elect, International Diabetes Federation
Texto original: IDF. INSULIN AT 100: A LIFE-SAVING DISCOVERY BUT MORE REMAINS TO BE DONE. Disponível em: https://worlddiabetesday.org/about/insulin-at-100/
Acesso em: 24/2/2021
Tradução: Lucas Xavier e revisado por Ronaldo Wieselberg